#COVIDNaReal




#COVIDNaReal É comum que em contextos de crise, como o da pandemia, os alarmes ecoem sobre o consumo de drogas lícitas e ilícitas.

É preciso, antes de tudo, romper os tabus sobre o assunto: desde o vinho de Jesus passando pelo “crack do nóia” e pela ayahuasca dos povos originários, o consumo de substâncias que alteram os nossos estados de ser e estar acompanham a humanidade. As drogas, inclusive, estão presentes no cotidiano das pessoas, fazendo parte de suas socializações, de seus ritos, hábitos, tratamentos etc.

Em momentos como o de agora, há um aumento do uso dessas substâncias. Este crescimento no consumo pode ser o calmante para conter a ansiedade na pandemia, o vinho para tentar relaxar ao final do dia, a cerveja para preencher a solidão das restrições de convívio social, ou a cachaça e o crack para tentar afastar o frio das ruas.

Neste cenário, é fundamental nos voltarmos às circunstâncias em que a droga está sendo utilizada: há um uso recreativo e um uso que podemos considerar “problemático”. Os motivos que levam alguém a consumir drogas são tão singulares quanto os sujeitos.

No Brasil, há graves questões estruturais que precisam ser consideradas neste uso, como a diferença no padrão de consumo entre as classes mais altas e mais baixas. As classes mais ricas podem recorrer a drogas de melhor qualidade, enquanto a população mais pobre faz uso de substâncias mais mortíferas e tóxicas, sem controle e conhecimento de seus componentes.

Enquanto parte da população dispõe de todos os recursos, incluindo moradia salubre e segura, outra parte faz uso dessas substâncias em cenários de degradação de suas dignidades e de seus direitos mais básicos.

No contexto da pandemia, os riscos se acentuam com a alta exposição ao coronavírus, a falta de assistência de saúde, a ausência de medidas protetivas e de redução de danos e do acesso restrito à informação. Fora a exposição da população mais vulnerável a outros riscos, como o de retirada de seus espaços de ocupação nas cidades por forças do estado e da especulação imobiliária, por exemplo.

Enquanto isso, a abstinência e a repressão têm se mostrado métodos corretivos que violam a dignidade das pessoas que fazem uso de drogas, em especial aquelas que estão em territórios vulnerabilizados. Neste sentido, a escuta, o diálogo e o consentimento são fundamentais.

Nesta escuta se abrem as possibilidades para se pensar as implicações envolvidas no consumo e em suas possíveis mudanças. A escuta sensível, atenta, implicada e alinhada à perspectiva da redução de danos, para ricos e pobres, tem se consolidado como o caminho mais humano e assertivo.

Acompanhe o site do #CRPSP na pandemia: www.coronavirus.crpsp.org.br

#FiqueEmCasa #Psicologia 

#PraTodosVerem 

Card com fundo vermelho traz a imagem de um copo e de um cigarro que são segurados por uma mão. No card, em letras brancas, lê-se o texto: “#COVIDNaReal Consumo de drogas. O consumo de álcool e outras drogas tem aumentado na pandemia. É preciso: Falar sobre o assunto sem tabus. Identificar os usos recreativos e os ditos “problemáticos”. Pensar a qualidade dessas substâncias, suas procedências e impactos na saúde. Considerar os contextos de uso: consumo na rua com alta exposição ao vírus e outros cenários agravantes. Trabalhar a escuta e a redução de danos sempre com consentimento da pessoa que faz uso de álcool e outras drogas.” No cabeçalho superior direito está o logotipo do CRP SP e à esquerda, o do mote da gestão: “A Psicologia é para todo mundo. E se faz com Direito Humanos!”, inseridos sobre fundo amarelo claro. No rodapé está o site especial do CRP SP na pandemia.