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Psicologia e o Dia Internacional Para a Redução de Riscos de Desastres


Publicado em: 13 de outubro de 2020

A Psicologia, como ciência e profissão tem se dedicado cada vez mais ao enfrentamento dos desastres, calamidades e emergências.

Contribui com dispositivos práticos, teóricos e éticos nas ações de respostas para o atendimento das populações afetadas e para os cuidados com profissionais das equipes de emergência que realizam estes atendimentos. Também se estende às atuações comunitárias, institucionais e em políticas públicas, como saúde e assistência social, em ações preventivas de mitigação, preparação e reorganização da vida posterior a essas situações emergenciais.

A gestão integrada para a redução dos riscos de acontecerem desastres - não só a redução de seus danos e prejuízos - é uma forma efetiva de defesa de Direitos Humanos e participação social.

Todos os tipos de situações de emergências, calamidades e desastres podem causar sofrimentos psicológicos e sociais em vários graus às populações afetadas e requer maiores recursos para atendimento. 

Sejam eventos físicos, fenômenos ou atividades humanas, os desastres são situações geralmente inesperadas, potencialmente prejudiciais às populações e comunidades. Podem causar a perda de vidas, ferimentos, prejuízos a bens, colapso econômico, ruptura social, degradação ambiental e ocasional enfraquecimento das capacidades de pessoas ou das comunidades para realizarem enfrentamentos satisfatórios. 

Os impactos psicossociais em condições de emergência, além de potencialmente se acentuarem no curto prazo, podem deteriorar a saúde mental e o bem-estar da população afetada também a longo prazo. Podem ser necessários diferentes tipos de suporte e apoio para a recuperação e retorno da rotina de vida, o que requer responsabilidade da sociedade civil, de empreendimentos privados e do governo.

Com o tema "Tudo é governança", o Dia Internacional para a Redução de Riscos de Desastres em 2020, diz respeito à busca do cumprimento de uma das sete metas do Marco de Sendai (2015-2030): aumentar o número de países com estratégias nacionais e locais de redução de riscos de desastres. 

Segundo o Escritório da Organização das Nações Unidas para redução de riscos de desastres (UNDRR), em seu documento Nota Conceptual Día Internacional para la Reducción del Riesgo de Desastres 2020: “Qualquer estratégia de redução de riscos de desastres, seja nacional ou local, requer mecanismos eficazes para coordenação de múltiplos atores interessados em seu sucesso, bem como uma política geral nacional, colaboração e contribuições transdisciplinar e multissetorial, suporte político para aprovar legislação relevante e recursos financeiros, técnicos e humanos condizentes”. 

A data também busca oportunizar o reconhecimento dos avanços realizados em termos de redução de riscos de desastres e redução de vidas perdidas, meios de subsistência e saúde, o que foi mais adiante materializado no Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030, decidido na Terceira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Redução do Risco de Desastres, realizada em março de 2015, no Japão.

Temos lidado cada vez mais com danos e prejuízos decorrentes de rompimentos de barragens; deslocamentos de pessoas; acidentes de trânsito, aéreos e pluviais ou marítimo; enxurradas, alagamentos ou cheias; deslizamentos; secas, e queimadas, assim como massacres e mesmo a atual pandemia de Covid-19. Sem deixar de considerar também os inúmeros desastres em pequena escala vividos no cotidiano urbano e rural, e que, às vezes, não são noticiados, mas são vivenciados pelas comunidades. 

Isso tem desafiado a sociedade e a Psicologia brasileira a desenvolverem com qualidade amplas e efetivas metodologias de acolhimento para evitar o agravamento dos efeitos de nas vidas das pessoas e de populações, bem como também evitar a própria ocorrência destes pequenos ou grandes desastres. 

A interlocução e o papel protagonista dos órgãos governamentais é fundamental para que a Psicologia possa realmente contribuir neste processo de redução de riscos de desastres. A Psicologia também pode e deve contribuir para que esses órgãos assumam, em conjunto com as comunidades, os movimentos sociais e o setor privado, o compromisso com a redução e prevenção dos desastres e de suas consequências, sejam por causas consideradas naturais (falta ou excesso de chuvas, erupções, tempestades, terremotos, tsunamis e outros fenômenos da natureza) ou humanas (degradação ambiental, perigos tecnológicos, químicos, conflitos armados e outras formas decorrentes da criação e das relações com o ambiente ou com outras pessoas). 

O Sistema Conselhos de Psicologia, conta com produções próprias de orientações e sistematizações de materiais de apoio que podem ser aproveitados na preparação das propostas de ação pela categoria de psicólogas/os, bem como há normas da regulamentação profissional que devem ser observadas para preservar a qualidade técnica e ética destas ações. 

Destaca-se, para tanto, a Nota técnica sobre atuação da psicologia na gestão integral de riscos e de desastres, relacionadas com a política de proteção e defesa civil, elaborada pelo Conselho Federal Psicologia (CFP), em 2016. 

Para além da regulamentação, da orientação e da fiscalização e em parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o CRP SP publicou em 2019 a cartilha Direitos humanos e proteção integral das pessoas afetadas por desastres socioambientais

O CRP SP reafirma o compromisso social e ético com os desdobramentos das situações de emergência, calamidades, desastres, violências institucionais e riscos que acometem a sociedade numa defesa das políticas públicas e do combate ao aniquilamento das subjetividades individuais e coletivas. 

A Psicologia é para todo mundo e se faz com Direitos Humanos.