Notícias


29 de janeiro - Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais


Publicado em: 29 de janeiro de 2021

Você sabia que em 29 Janeiro de 2004, foi a primeira vez que o Governo Federal impulsionou uma campanha para combater a discriminação contra pessoas trans e travestis? Essa campanha foi intitulada “Travesti é Respeito” e buscava a visibilidade de travestis e transexuais para além do preconceito, e tinha como mote “Sou travesti. Tenho direito de ser quem eu sou”.

Desde então, o mês de janeiro foi estabelecido como o Mês da Visibilidade de Travestis e Transexuais, tendo o dia 29 como o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais. Entretanto, essa é uma luta que precisa ultrapassar apenas a data da visibilidade e se tornar uma preocupação e uma pauta central no enfrentamento às violências estruturais do País.

A população trans já vivia uma situação de exclusão e isolamento social antes da pandemia da Covid-19. A situação que já envolvia sérios problemas de violência e vulnerabilidade só se agravou para as pessoas trans e travestis, que majoritariamente (90%) sobreviviam do mercado informal.

O boletim oficial de 2020 da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que o assassinato de pessoas trans aumentou drasticamente. Segundo a pesquisa, houve um aumento de 47% nos assassinatos de pessoas trans entre 1 de janeiro e 31 de outubro de 2020. Foi levantado, também, que a flexibilização da quarentena e retomada das atividades de forma desordenada criou uma atmosfera pública instável na questão da segurança pública.

A pesquisa ainda revela uma piora na saúde mental da população trans, e aponta que o número de suicídios aumentou, sendo a ideação suicida mais presente entre homens trans. Entretando, são as travestis/mulheres trans que mais cometem suicídio - com 70% dos casos mapeados em 2020. Além disso, houve aumento nas diversas tentativas de assassinato, violações de Direitos Humanos e recorrentes casos de transfobia recreativa denunciadas ao longo do ano, especialmente vindas do meio sertanejo, que se consagra com um dos mais transfóbicos dentre a classe artística.

Com este cenário, vemos que a situação em pouco tempo se agravou de maneira expressiva. O Ceará foi o estado onde mais aumentou o índice de assassinato de travestis e transexuais; como forma de resposta a este fato, foram colocados outdoors com importantes provocações, como um banner rosa com a frase “procura-sy travestis vivas vivas vivas no estado do Ceará. O tempo é o tecido conjuntivo da vida, nos permitam viver”. Foi neste contexto que, no dia 4 de janeiro deste ano, ocorreu o assassinato brutal de Keron, uma adolescente de 13 anos.

Esse cenário, que se desdobrou em 2020, mostra que em 2021 teremos que enfrentar a transfobia e visibilizar a pauta da comunidade trans para além do Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, afinal não é só em janeiro que pessoas trans devem ser lembradas.

E como dizia Martin Baró, “Ainda que a/o psicóloga/o não seja chamada/o para resolver tais problemas, ela/e deve contribuir, a partir de sua especificidade, para buscar uma resposta. Propõe-se como horizonte do seu quefazer a conscientização, isto é, ela/e deve ajudar as pessoas a superarem sua identidade alienada, pessoal e social, ao transformar as condições opressivas do seu contexto. Aceitar a conscientização como horizonte não exige tanto mudar o campo de trabalho, mas a perspectiva teórica e prática a partir da qual se trabalha.” (O Papel do Psicologo, 1997)

A Psicologia se constrói com a defesa intransigente dos Direitos Humanos. Mais que nunca o nosso papel deve ser de acolher e entender o quanto a discriminação e a violência transfóbica produz sofrimento. Por isso, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, além de reforçar seu posicionamento e compromisso com a luta pelos direitos e pela visibilidade da comunidade trans, recomenda a leitura das publicações, de caráter orientativo para a atuação profissional, “Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs” e “Documento de Orientação CRP 06 nº 002/2019 - A atuação profissional de psicólogas/os no processo transexualizador e demais formas de assistência às pessoas trans”.

A Psicologia é para todo mundo e se faz na defesa das travestis e transexuais!

#PraTodosVerem: nesta publicação há quatro cards. O card principal, capa da publicação, tem fundo branco, rosa e azul. Sobrepondo o fundo, a ilustração de três rostos. A primeira imagem no corpo da publicação se trata de 3 cards do Governo Federal, da campanha "Travesti é respeito!" de 2004. Nos cards há três travestis, sendo duas negras e uma branca. No centro dos 3 cards, há a frase "Olhe. Olhe de novo". Na parte inferior, a frase "E veja além do preconceito. Sou travesti. Tenho direito de ser quem eu sou". Na parte inferior dos cards, os logos das entidades que desenvolveram a campanha. A segunda imagem do corpo da publicação é um gráfico com os dados de assassinato de pessoas trans entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2020. A terceira e última imagem do corpo da publicação é uma foto do outdoor rosa com a frase "procura-sy travestis vivas vivas vivas no estado do Ceará. O tempo é o tecido conjuntivo da vida, nos permitam viver".