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Fazer mais é possível: por uma política de vacinação universal


Publicado em: 11 de fevereiro de 2021

Sim, defendemos que fazer mais é possível; além de possível, é imprescindível. Toda conquista popular acontece com consciência e em regime de luta. 

Em continuidade às nossas publicações relacionadas à Covid-19 para a sociedade e categoria, pelo bom cumprimento do exercício profissional, pela defesa da vida e dos direitos humanos, convidamos nossas/os colegas de profissão a ecoar nesta luta em campo ético-político para garantia da vacinação em massa da população brasileira.

Ainda que se apresentem as retóricas da complexidade para justificar falta ou mora na execução de tais ações, como da vacinação, recordamos nossa história mais breve que nos lançou em um retrocesso ampliando a vulnerabilidade social: o subfinanciamento do SUS com o teto de gastos de 2016; a tentativa de privatização do SUS por decreto presidencial no final de 2020; a falta de um programa definido de combate à Covid-19; as falas negacionistas botando em dúvida os anúncios feitos pelos cientistas; o apoio do governo brasileiro na manutenção das patentes em consonância com interesses de países e indústrias que se beneficiam diretamente com a propriedade, por exemplo, dos direitos intelectuais, exceto obviamente, população brasileira e todos os outros países e suas populações que não desfrutam de tais poderes econômicos e políticos.

O resultado prático da existência das patentes é a limitação de produção das vacinas, uma vez que estão concentradas em alguns laboratórios, o encarecimento do produto final pelo domínio produtivo e a exposição da população mundial não situada nos países controladores que passa a depender categoricamente destes fornecedores.

Ainda sobre a produção da vacina, é importante ressaltar que o seu financiamento teve aporte público e filantropo. Ou seja, além das pessoas terem direito à vacina, pois é resultado de investimento público, é questão ética defender que a vida esteja para além de qualquer interesse financeiro. 

Sobre quebra de patentes, destacamos a produção dos medicamentos genéricos dando acesso a inúmeros medicamentos escassos e/ou com valores inacessíveis a nossa população, além do importante fornecimento de medicamentos gratuitos via SUS. Ou seja, a produção de riqueza todavia não é um problema para o Brasil, mas tão somente a concentração dela onde não deveria.

Não só é possível, como imprescindível que a vacina seja produzida em território nacional para dar conta do volume necessário para atender à população brasileira.

Fazemos tal reivindicação considerando também que a proposta apresentada para vacinação em território nacional, por critérios e etapas, na forma apresentada, cheia de lacunas, vem autorizando a vacinação de pessoas que não estão na linha de frente no combate à Covid. Neste sentido, para nós da Psicologia, ainda que não estejamos atuando de fato na linha de frente como em hospitais, CAPS, entre outros lugares, vamos nos sentindo liberadas/os para nos vacinarmos, ou para reivindicar a vacinação prioritária por compor uma categoria profissional. Podemos e devemos ocupar esse lugar na fila? 

Nos ocorre também que porteiras/os, entregadoras/es e outras/os profissionais que não tiveram opção a não ser enfrentar a pandemia em seus postos de trabalho não terão suas vacinações priorizadas por não pertencerem ao lugar privilegiado da formação acadêmica. 

Não estamos questionando a vacinação prioritária de quem lida com a saúde, na linha de frente, mas alertando sobre as aberrações sociais que vão sendo produzidas diante de uma proposição que reforça privilégios expondo consequentemente as pessoas em situação de vulnerabilidade.

Entendemos que a quebra das patentes para produção das vacinas em território nacional favoreceria a vacina em massa da população brasileira, de forma mais célere

No atual contexto de escassez da vacina, defendemos que haja critérios de elegibilidade para lugar na fila, evidentes, objetivos, pensados sobretudo na garantia da vida e no direito à vacinação ampla e coletiva. 

A Psicologia é para todo mundo, se faz com proteção aos mais vulneráveis e na defesa de políticas sanitárias e de saúde que atendam a todas as pessoas.

Confira as notas e informes do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo frente à vacinação de psicólogas/os no Estado de São Paulo:

04/02/2021 - Declaração Profissional equivale à CIP na hora da vacinação: CRP SP oficia Estado e Municípios sobre a equivalência dos documentos
22/01/2021 - Psicólogas/os poderão ser vacinados entre os grupos prioritários por serem profissionais da saúde? Leia a orientação da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP SP
20/01/2021 - Nota do CRP SP e entidades da FENPB ao Governo Federal sobre condução do plano nacional de vacinação
19/01/2021 - CRP SP pede por mais informações sobre a vacinação e priorização de pessoas com deficiência ao Governo do Estado de São Paulo

#PraTodosVerem: nesta publicação há um card de fundo azul com ilustrações brancas de pessoas distanciadas, se interligando com pontos; quatro mãos unidas, e uma seringa.


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