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08 de Março – Dia Internacional da Mulher


Publicado em: 8 de março de 2022

As vidas das mulheres, ao longo dos séculos, foram marcadas por arbitrariedades políticas e sociais, sustentadas em processos de exploração, dominação e opressão que levaram, em distintos momentos, à produção de um governo específico sobre as mulheres. 

Com uma tentativa de homogeneizar a ideia de mulher, recorrendo a recursos de generalização e universalização de uma categoria, a ciência moderna, em especial a Psicologia, patologizou, medicalizou e normatizou a mulher imbricando uma lógica obtusa e falsa sobre o ser e tornar-se mulher.

Para construirmos novos horizontes sociais e no campo de nossa ciência e profissão, devemos pluralizar a noção de mulheres e lembrarmos a multiplicidade, a diversidade e a desigualdade que expressam esta posição. 

Não há como falar sobre mulheres sem reconhecer as condições objetivas e subjetivas de vidas e suas desigualdades. Ainda construímos teorias e políticas considerando uma mulher padronizada: branca, de classe média, cisgênera, heterossexual, adulta e magra. 

Precisamos, portanto, de uma Psicologia que produza um giro feminista e que se debruce no ser mulher de maneira a evidenciar as vivências de mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais, mulheres com deficiência, meninas (crianças e adolescentes), mulheres idosas, mulheres migrantes e imigrantes, mulheres pobres, mulheres mães solo, mulheres que praticam religiões não hegemônicas, mulheres trans, travestis, queer, lésbicas, bissexuais, pansexuais e assexuais. 

As mulheres são muitas, são diversas e estão em luta por um mundo mais justo, humano e equitativo, para que possamos pensar nas mulheres e na política a partir de construções emancipatórias que respeitem e legitimem a interseccionalidade como um horizonte, que os espaços da política também sejam equitativamente ocupados por mulheres.

É preciso lutar por direitos até então negados o direito à creche; de viver sem violência; de atenção integral à saúde; de salários equitativos; o direito às maternidades; do enfrentamento do racismo e do genocídio da juventude negra e pobre; o direito de decidir e da autonomia dos corpos; da ruptura da exclusividade e da determinação do trabalho reprodutivo destinado às mulheres; do enfrentamento da violência obstétrica, do feminicídio, da feminização da pobreza, da objetificação dos corpos; o direito de ruptura de barreiras capacitistas e idadistas , ao mesmo tempo que se reivindique a universalização do acesso às políticas sociais com investimento público adequado.

Para tanto, devem ser consideradas a equidade e a interseccionalidade como rumos de uma política econômica que apoie as vidas de nosso povo, que seja em nome do comum e não do enriquecimento exclusivo dos banqueiros e grandes empresários. 

Neste 08 de Março, as mulheres de diversos movimentos populares gritam pelo fim da fome, do racismo, do capacitismo e do machismo!

É diante de princípios éticos que regem nossa profissão que construímos nossa atuação com respeito e promoção da liberdade, dignidade, igualdade e integralidade do ser humano, apoiadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Cumprir estes princípios, reconhecendo e nos responsabilizando criticamente por nossa realidade política, econômica, social e cultural, é um dever. Dessa forma, psicólogas, psicólogos e psicólogues, vamos juntas numa luta comum de toda a sociedade: a luta pelas vidas das mulheres, a luta pelo fim de uma política machista, racista, capacitista e genocida entranhada em nosso tempo!

A Psicologia pelas vidas das mulheres. Por um Brasil sem machismo, racismo e fome.

#PraTodosVerem: nesta publicação há um card de fundo em tons de verde e roxo. Dentro de um círculo, a ilustração de mulheres diversas.