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Psicologia infantil e a construção de uma educação positiva


Publicado em: 9 de maio de 2016
Créditos: CRP SP
Fotos: CRP SP

Para Daniella Freixo o desafio para os pais é por uma ampliação de diálogos no lugar de tapas ou castigos Foi depois de um dos já recorrentes sonhos nos quais se via rodeada de crianças que Daniella levantou, durante a noite ainda, e escreveu seu primeiro projeto para trabalhar na área infantil. Formada em psicologia pela PUC-SP e com especialização em psicologia analítica e transpessoal, a jungiana Daniella Freixo de Faria já tinha trabalhado com adultos e lhe chamava a atenção quando falavam de sua infância. “Um colo num dia difícil, uma conversa franca, as brincadeiras, mas também a palmada, a briga, o quanto crescer era desafiador. Enxergar as crianças que ainda estavam ali começou a me encantar”, conta. É por isso que acredita ter sido ela, na verdade, quem foi escolhida pelo trabalho com crianças, seus pais e professores. Não imaginaria, naquele momento, que dali há alguns anos teria uma rede de mais de 170 mil pessoas na internet que acompanhariam seu trabalho na área infantil. Outra educação Como colocar limites? Bater ensina? E gritar? E a chupeta, a mamadeira? Como lidar com o processo de adaptação escolar? Esses são alguns dos temas que mais chegam à Daniella Freixo. “A demanda atual é por uma educação positiva pois os tapas, castigos e gritos não funcionam mais, principalmente com as crianças de hoje que possuem essa voz, esse lugar na família desde o dia em que nasceram”, afirma. Para Daniella, vivemos num momento em que muitos pais não querem repetir a educação que receberam, mas frequentemente se percebem sem alternativa e o fazem. “Assumir uma postura coerente hoje em dia e que faça sentido com tamanha quantidade de informação tem sido um grande desafio para os pais”, aponta: “O que procuro fazer é sempre potencializar a família, os pais que, ao se ouvirem e se apropriarem dessa escuta interna, passam a trilhar com mais tranquilidade o caminho tão desafiador e repleto de crescimento que é viver em família”. Psicologia infantil no mundo digital A partir das palestras em escolas e empresas, Freixo sentiu o tamanho da vontade dos pais por informação acolhedora a respeito da educação e do dia a dia com as crianças. Foi com isso em mente que, depois de 12 anos na psicologia infantil, nasceu seu primeiro livro, Conversa com Criança - presença-caminho, publicado em 2014 por meio de financiamento coletivo. “Muito mais do que dizer o que fazer, esse livro traz a reflexão sobre de que lugar a gente educa”, apresenta Daniella no vídeo de divulgação. Foi na esteira de projetos como o do livro, incluindo artigos e um blog, que apareceu a ideia de periodicamente publicar vídeos no youtube. Começou como um teste, para ver no que dava. E não parou mais. As dezenas de perguntas que Daniella recebia rapidamente se transformaram em centenas. “Castigo e consequência”, “Birra”, “Sexualidade”, “Separação dos pais”, “Compreensão dos nãos”, “Comportamentos irritantes”, “Como lidar com mentiras” e “Elogios” são alguns dos mais de 200 vídeos já em circulação. A partir dos vídeos e da relação que a psicóloga desenvolveu com diferentes famílias por meio do mundo digital, começaram os trabalhos com grupos. “Hoje tenho um grupo de pais e mães voltados para essa caminhada rumo a uma educação positiva e um grupo de psicólogas formado por profissionais que me procuraram para aprender essa forma de trabalho que pratico com as crianças e famílias. Multiplicar esse olhar e cuidar antes sempre me encantou e, a cada dia, caminho mais nessa direção”, narra Freixo. Mãe de duas filhas, a psicóloga infantil tem uma rotina puxada. Atende no consultório de manhã até o início da noite, fazendo um intervalo para buscar as crianças na escola e almoçar com elas. Além disso, toca quinzenalmente os grupos de mães e de psicólogas, grava e publica os vídeos semanalmente e cuida diariamente de seus canais de comunicação. “É uma rotina intensa e bem movimentada. Estou sempre buscando novas informações em leituras, novos cursos, além de apoio através de psicoterapia e supervisão”, resume.   Jornal PSI, nº 186