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25 de julho. Dia Nacional de Tereza de Benguela e Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha


Publicado em: 25 de julho de 2016
Créditos: CRP SP
Fotos: CRP SP

O dia de hoje é muito mais do que uma data comemorativa, é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra as violências e explorações geradas pelo racismo, sexismo e classismo. A escolha da data faz alusão ao I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, ocorrido em 1992, e seu objetivo é dar visibilidade e reconhecimento à presença e a luta das mulheres negras nesse continente. No Brasil, foi oficialmente reconhecida com a Lei nº 12.987, de 2 de junho de 2014, instituindo o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra “Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, que viveu na região do Vale do Guaporé, localizada na primeira capital de Mato Grosso após o assassinato de seu marido, José Piolho, por soldados. A Rainha Tereza, além de comandar a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, liderou o Quilombo de Quariterê com mais de 100 pessoas negras e indígenas, que resistiram à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770. A psicologia precisa reavaliar como conduz a prática profissional, principalmente diante da composição profissional com 89% de mulheres, conforme pesquisa do CFP, numa sociedade onde 53% da população é negra segundo dados do IBGE. É preciso considerar que, diante do machismo e racismo na nossa a cultura, as mulheres negras compõem um grupo social que está na base mais oprimida e discriminada na sociedade, logo a nossa categoria profissional não está imune a reprodução da cultura machista e racista dentro dela. O fazer psicológico está ligado à escuta, acolhida e compreensão dos sujeitos e da sociedade. Para isso, é preciso considerar gênero, classe e raça como elementos constitutivos das relações sociais e aspectos fundamentais da identidade, portanto, a intersecção dessas categorias requer uma atenção especial da ciência psicológica. O acesso à cidadania e aos serviços de atendimento psicológico de qualidade para todas exigem a incorporação de novos conceitos de igualdade e respeito em que as mulheres negras tenham tanta importância quanto outras no seu valor humano, social, político e econômico. Considerando o processo histórico de dominação, exploração e violação de direitos ao qual as mulheres negras foram submetidas, torna-se dever da Psicologia incorporar novos parâmetros de abordagem e atendimento que visem a igualdade permitindo que exista uma expectativa positiva de elaboração de suas subjetividades, que estas não sofram a imposição de padrões encontrados em muitos referenciais teóricos da Psicologia e que se confundem com suas próprias atuações. Reverenciar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha no Brasil é reconhecer a importância da ancestralidade negra e de sua contribuição na constituição desse país, portanto é dar visibilidade à inteligência das estratégias daquelas que sobreviveram à desumanização do processo de escravização seguido de uma abolição jurídica que ainda não se concretizou em abolição material devido à inexistência de políticas públicas que incorporasse as pessoas negras à sociedade.