Notícias


19 de Agosto – Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua


Publicado em: 19 de agosto de 2021

O “Massacre da Sé” está entre os trágicos episódios que marcam a História recente do nosso país. Em 2004, entre os dias 19 e 22 de agosto, sete pessoas em situação de rua foram mortas violentamente e oito ficaram feridas na Praça da Sé, região central da cidade de São Paulo. Desde então, o dia 19 de agosto tem-se tornado dia de luta para essa população.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desde 2012, a população em situação de rua cresceu 140% e chegou a quase 222 mil brasileiras/os em março de 2020. Ressalta-se que o aumento foi agravado pela crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19. O Atlas da Violência (portal organizado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP) aponta que, entre 2017 e 2018, houve aumento de 567% e 250% no número de denúncias de homicídios e tentativas de homicídio, respectivamente, contra a população de rua. 

As políticas higienistas, falas preconceituosas e moralistas presentes na imprensa, a violência do Estado perpetrada pela polícia, guarda municipal e por outros agentes públicos, a falta de água potável e falta de articulação entre as políticas públicas são elementos agravantes das condições já vulneráveis das pessoas em situação de rua. A população negra, de mulheres e a população LGBTQI+ sofrem ainda mais nas ruas.

A maior violência é a invisibilidade, a evidente negação de direitos para a população de rua e a Psicologia não pode contribuir com isto! São muitas possibilidades de atuação, de participação e de espaços de luta para que haja o acesso a uma vida digna, com moradia, geração de renda, trabalho, educação, assistência social, saúde, cultura e lazer. Nas políticas públicas ou em outros espaços, não devemos promover falas preconceituosas e descontextualizadas sem a necessária crítica de que nosso modo de nos organizarmos política e economicamente afeta pessoas de diferentes maneiras. Que seja observada a história de vida de cada pessoa e de cada família que está vivendo nas ruas.

Que possamos abrir a escuta, tão valorizada em nossa profissão, ouvir e acolher e lutar pela garantia de direitos para a população de rua. Existem materiais produzidos pelo Sistema Conselhos sobre a temática que podemos consultar enquanto psicólogas/os, como o Caderno de Orientações do CRP SP para Atuação de Psicólogas(os) na Assistência Social e o Posicionamento do CFP contra retrocessos no cuidado à pessoa e à população em situação de rua em 2020

O “Estação Psicologia”, podcast oficial do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, lançado hoje (19 de agosto), traz, em seu primeiro episódio, vozes que vêm da rua, entrevistando Carmen Lopes, representante do coletivo Tem Sentimento, e Laura Dias, representante do Movimento Nacional de Luta pela População em Situação de Rua, além de conteúdos de orientação voltados ao atendimento deste público.

#PraTodosVerem: nesta publicação há um card em tons de amarelo. Na parte superior, a ilustração de um calendário com o símbolo da Psicologia. No centro, dentro de um círculo, há uma imagem de uma pessoa descalça e deitada no chão, na rua.