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Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa - A Psicologia no enfrentamento ao racismo religioso


Publicado em: 21 de janeiro de 2021

Hoje é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, dia de dar visibilidade à luta e à resistência das religiões de matriz africana que são alvo do preconceito religioso que atinge seus templos e pessoas que as professam, demonstrando as marcas da violência institucionalizada fundamentada no racismo.

A escolha da data  usa como referência o trágico falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do Ilê Axé Abassa de Ogun, que foi vítima da intolerância religiosa no final de 1999 e faleceu em 21 de janeiro de 2000.

A Psicologia, enquanto ciência e profissão, tem o enfrentamento ao racismo regulamentado desde 2002, na forma da Resolução CFP 018/02. Segundo a resolução, as/os profissionais devem contribuir com seu conhecimento para uma reflexão sobre o preconceito e para a eliminação do racismo, não podendo serem omissas e nem coniventes com a discriminação racial.

O racismo é estruturante das nossas relações sociais. Portanto, não é coincidência e nem é por acaso que as religiões de matrizes africanas são as mais perseguidas, apesar da formal laicidade religiosa instituída legalmente no país.

O Brasil é um país laico, como assegura o Artigo 5º, Inciso VI, da Constituição Federal de 1988, que descreve: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias".

Portanto, é preciso democratizar o poder econômico, midiático, televisivo, político e institucional no que se refere às práticas religiosas, para que o exercício da religiosidade não aconteça de forma totalitária, autoritária, machista, misógina, LGBTQIAfóbica e/ou racista.

O uso seletivo da retórica religiosa como detentora da verdade, combinado com interesses políticos, fomenta a intolerância, desrespeita as pessoas e fere os Direitos Humanos e os direitos fundamentais da população afrodiaspórica.

O  CRP SP reconhece as subjetividades marcadas por múltiplas experiências psicossociais, que perpassam as relações com a espiritualidade e com a religião. Enfrentar a intolerância religiosa e o extermínio da população negra são deveres éticos à profissão, por isso devemos superar as formas de violência e alienação e reafirmar a liberdade religiosa e a laicidade do Estado Brasileiro, das políticas públicas e da intervenção das/os psicólogas/os.

Só será possível a participação política das religiões sem ameaça à democracia quando garantirmos de maneira concreta os princípios da igualdade e da liberdade para todos os credos.

A Psicologia é para todo mundo e se faz com Direitos Humanos!

Leia mais no Caderno Temático n° 25 – Psicologia, laicidade do estado e o enfrentamento à intolerância religiosa.

#PraTodosVerem: nesta publicação há um card que, ao fundo, contém a imagem de alguns fios de contas, predominantemente preto, branco e azul. Ao lado, a imagem de uma vela acesa.